Muuah


Ela voltou. Vaca. 184 dias depois, um carnaval no meio. “Descobri que te amo”, é o caralho. Pouco mais de seis meses daquela tarde onde fiquei com o DVD na mão, por mim alugaríamos um blockbuster qualquer, ela preferiu rever Celebridades. No menu de seleção de idiomas surgiu a frase, “precisamos conversar”, que deixasse eu escolher as legendas ao menos. Eu sabia que era um término, não era o primeiro, na vez anterior ficamos uns 20 dias separados, o “precisamos conversar” surgiu no carro quando fui deixá-la na academia nova, uma dessas que oferecem modalidades de aventura indoor para jovens executivos donos de carros de off-road que nunca deixam o asfalto. Devo ter perdido para algum imbecil descedor de paredes.

Mas ela voltou, não, da vez que ela deu pro gerente de banco que fazia rapel ela já havia voltado, agora estou falando da atual volta dela, a que ela passou quase 184 dias longe (um carnaval no meio).

De novo com a conversa mole de “eu não sei onde estava com a cabeça”, essa é fácil, provavelmente entre pernas que não eram as minhas. Não havia boquete como o dela, durante 183 dias lamentei não ser mais eu o escolhido daquela boca, mas mal abri a porta, ela foi pedindo desculpas, rapidamente chegamos ao sofá, não resisti, pra que? Ora, ela não deixou que mais um dia se completasse sem sua boca devidamente encaixada na posição que havia garantido que o palerma aqui não pensaria em outra, talvez nunca mais.

Teve a fase do médico, não da brincadeira de, mas que ela conheceu um, médico. Panacão, do tipo que no supermercado escolhe as marcas próprias do estabelecimento, até o sorvete. Foi ela mesma que me disse quando voltou. Aceitei. Lembremos do boquete.

Ela diz que agora é pra valer. Eu sei que não, mas que jeito, acostumei. Vem, chupa, mil maravilhas por um tempo, depois emudece, conhece alguém, se vai. Vaca, volta.

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Rapidinho


Este post de hoje é um dos mais engraçados da história do Ressaca.

Esta semana também temos nova crítica de Cruzmaltino Bandeco.

Confira também os textos mais recentes, parece que tomamos vergonha na cara e voltamos a escrever com maior frequência.

Volto já.

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More metal


Um sinal de velhice chegando é quando você faz algo de útil nas manhãs de sábado. Por este quesito ainda mantenho minha jovialidade intacta, pois dedico as manhãs de sábado ao saudável dormir e reflexões mais profundas acerca da existência do mal da ressaca. No tempo pré-ateísmo, achei que a ressaca era um castigo de Deus. Em outras épocas cheguei a acreditar que ela só ainda existia devido ao lobby das grandes corporações interessadas em sua manutenção: a indústria farmacêutica que lucra com a venda de medicamentos inúteis como o Engov (não venha com essa conversa de que com você funciona) e as grandes fábricas de papel higiênico. Hoje sou da tese de que a ressaca existe só porque bebemos demais, mas no próximo final de semana posso mudar de opinião, nunca se sabe. “Mais tolo sois tu ao não mudardes de juízo e perseverar a respeito daquele a que tens como inimigo” (horrível essa frase, não? É minha mesmo, acabei de inventar. Tem caras que ficam ricos criando porcarias como essa, tipo o Lenine ou o Zeca Baleiro, outro dia retomo o assunto).

No último sábado, no final da madrugada, por volta de onze da manhã, acordei diretamente para o banheiro a fim de resolver complicações fisiológicas que iam do número um ao dois. Depois tomei banho e café (além de pipocas de microondas também sei fazer café: esquento a água e jogo o pó, fica uma beleza, obrigado Nestlé). Com minha xícara e algumas bolachas da classe cream and cracker acompanhando minha jornada, postei-me frente ao computador para realizar as tarefas digitais básicas do homo-sapiens masculino moderno: e-mail, notícias, Orkut, blogs de sacanagem e MSN. O final da manhã de sábado é um péssimo horário de MSN, geralmente só estão on-line os amigos jornalistas que trabalham em redação e pessoas esquisitas diversas que não saíram na sexta ou que por alguma promessa acordam antes das 10 no sábado. Após cerca de 30 ou 40 minutos de atividades digitais, recebo um link de You Tube que seria o começo da cura da minha ressaca (o passador do link foi Sérgio Nakano, anteriormente citado neste blog por motivo semelhante, visto que tem autoridade reconhecida em achamento de pérolas internéticas).

O Korpiklaani, segundo definição própria, é um grupo alemão de folk-metal. A classificação do subgênero pode variar de acordo o interlocutor, eu mesmo poderia definir a banda em pelo menos outras três vertentes: RPG Metal, Cafona Metal ou Hillbilly Metal. Seja lá como definir o que diabos tocam (rá, um trocadilho!), o primeiro objetivo (involuntário, thanks god) da banda é, sem dúvida, fazer caras como eu rirem do seu passado ou dos amigos e conhecidos metaleiros. Sei que o clipe de Wooden Pints não tem a mesma graça para todo mundo, mas se no início da adolescência você vestia camisetas pretas e bregas de banda ou tinha um irmão de cabelo comprido com pôsteres de outros homens de cabelo comprido pregados nas paredes do quarto, não deixe de assistir.

As vertentes nerds do metal (existe metal não-nerd?) são curiosamente engraçadas por suas letras. Vejamos um trecho do próprio grupo Korpiklaani, a música é Väkirauta, do álbum Tales Along This Road de 2006, a tradução é do portal de letras do Terra:

Este é Kauko, ferreiro da Finlândia
Mestre do aço trabalhado,
Aquele que forjou o poderoso aço,
Aquele que derrotou o Hiisi.


Provavelmente temos aí uma lenda, história ou sei lá o que da cultura nórdica. Cantado na língua original ou em inglês, a coisa não parece tão ridícula, então dá até pra um carinha balançar a cabeça e se afirmar para o mundo demonstrando alguma rebeldia ao escutar a canção. O que sempre imagino (ah, e como seria legal) é uma banda dessa vertente cantando na língua de Camões e Chorão. Imaginemos:

Curupira, defensor!
Pés para trás, cabelos de fogo, cega!
Expurga, afasta
O mal que o homem branco carrega!


Outras letras que o metal curte são as de fundo histórico, onde são contadas grandes sagas. O querido Iron Maiden é campeão nisso, veja trecho de Alexander The Great (claro, sobre Alexandre, o grande):

Um rei Frígio partiu em uma biga
E Alexandre cortou o Nó Górdio
E a lenda dizia que quem cortasse o Nó
Tornaria-se o governante da Ásia


Agora, pensando em contexto heavy metal nacional, que tal Pedro, o primeiro?

E para o bem, felicidade geral
Pedro, libertador, à Portugal
Não regressou

José Bonifácio, a alavanca
Independência, ou morte
Às margens do Ipiranga

Dona Leopoldina ele conquistou
Da sua fama de amante,
Ela se regozijou

(Chorus)
Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon! És imperadoooooor!
(aqui entra o agudo do vocalista)

Como disse certa vez o amigo Fabrício de Paula (um jornalista que trabalha sábado de manhã), alguém já deve ou deveria ter feito um estudo comportamental e antropológico a respeito do metal, uma manifestação que em buracos distintos, de Macapá a Düsseldorf, possui jovens dispostos a escutar e adotar a postura que, preconceituosamente, acham que a música exige. Podemos lembrar de ídolos pop e dizer que estes também possuem alcance global, maior que os grupos metaleiros. Mas com milhões em grana pra produzir disco, videoclipe, comprar matéria, criar factóides e o escambau, qualquer um vira astro e (vide Britney e até barangas como Celine Dion), mesmo assim, duvido que tenham mais fãs do Justin Timbelake em Macapá do que metaleiros na mesma cidade. Quando digo fãs, falo literalmente do fanático, o cara que veste a camisa da banda, fica puto com a namorada porque ela não gosta da música e se dispõe a brigar em caixas de comentários de blog. O metal tem um apelo de auto-afirmação nos jovens que é universal e atemporal, bem como um imenso potencial de fanatização destes. Ok, são grupos restritos de fãs em cada lugar (nunca vi o Angra no Faustão ou alguma atriz da Globo tatuar nome de metaleiro no pé), mas pode reparar que em todo canto, junto de uma igreja evangélica, agência do Banco do Brasil e um boteco com mesa de bilhar, existe um grupo de jovens cabeludos vestindo camisetas pretas e escutando sons barulhentos de arrepiar velhinhas.

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1 minuto de silêncio


Pelo Protótipo.

Nota: o Protótipo era um programa da Rádio Cultura de Belém que divulgava e apoiava bandas e músicos independentes, novatos e veteranos, principalmente paraenses, sem esquecer de mostrar o que acontecia pelo resto do país. As vozes no comando eram de Ângelo Cavalcante, meu amigo e ex-colega de faculdade, e Martina Mendonça, pessoa pela qual eu enfrento rinoceronte, gorila e até barata pra defender. O nome do programa foi uma modesta (e gratuita) contribuição deste que escreve. Quem sabe agora ele não ganhe a web através de podcast ou mude para uma casa comercialmente mais esperta.

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Mais links


Novos links divertidos e fofinhos no menu aí do lado.

Cássio já falava besteiras desde que nos conhecemos na quarta série em 1989. Estamos perto dos 30 e, jesus, continuamos a falar besteiras.

Eu ainda achava que intervenção urbana eram aqueles adesivos e pinturas imbecis que sujam o mobiliário urbano e poluem as cidades, mas esse blog aqui me fez ver a luz.

O Apocalipse Motorizado é blog de um assunto só, mas é impressionante como consegue falar coisas interessantes quase que diariamente. Indispensável para quem mora em uma grande cidade.

O Sampaist faz parte de uma rede internacional de blogs dedicados a cobrir a vida de grandes cidades. Sempre traz dicas interessantes sobre o que fazer na pequena São Paulo. De vez em quando você poderá esbarrar em um texto meu por lá.

A Flávia, bem, a Flávia é muito especial. Ouvimos um monte de coisas parecidas, mas espero não tê-la contagiado com a parte baixa do meu gosto musical. Não farei maior propaganda para não chover Zé Mané em cima.

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O dia depois


- Eu queria vergonha na cara, uma cartela de aspirina e qualquer coisa pro estômago.

- Vergonha na cara não tem.

- Então vê uma barra de cereal.

- Sai tudo por R$3,60

- Tem troco pra 20?

- Tem sim.

- Obrigado, bom dia.

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Aconteceu antes


- Lú, quem é essa amiga na foto?

- Mariana, te interessa?

- Achas que eu não passaria a noite explorando esse corpo?

- Posso apresentar vocês, que tal?

- Faça isso, mas antes podia ter um reforço, não?

- Tipo como?

- Mostra uma foto minha, diz algo bem humorado como “ó, meu amigo Beto quer te pegar, o cara é um puta gostoso, que tal?”

- Acha que vai funcionar?

- Ué, por que não?

- Olha essa barriga aí, acha mesmo que ela vai te achar gostoso?

- Fique sabendo que tem muita mulher que se cortaria pra ter esta barriga por uma noite, certo?

- Verdade, eu mesma cortaria os pulsos, assim não precisaria encarar, duvida?

- Muito engraçado, mas vai rolar uma ajuda ou não?

- Deixa comigo, eu sei o que faço, mas esquece essa conversa de gostoso, ok?

- Mari, meu amigo Beto quer te pegar, que tal?

- Ele é um puta gostoso?

- Ora se...não?

- Ótimo. Ele pensa?

- Sim, em sacanagem, serve?

- Você pegaria?

- Eu cortaria meus pulsos pela barriguinha dele, duvida?

---

- Beto, deixa eu te apresentar uma amiga...ó, Beto essa é a Mariana, Mariana esse é o...Beto?

(slurp, slerp, slurp, slhop)

- Gente, normalmente seriam dois beijinhos no rosto neste primeiro momento..as línguas se conheceriam depois, não?

- Mas antes traz...slurp...uma cervejanlup...slerp, cerveja?

- Certo, alguma coisa, Mari? Mari?

- Você costuma sair beijando na boca qualquer amigo que a Lú te apresenta?

- Quando tem cara de que presta, por que não?

- Mas como você sabe que eu presto?

- Quem disse que você presta?

- Você?

- Eu?

- Sim, não?

- Da pra calar a boca e me beijar?

- Posso pedir mais uma cerveja?

- Pede pra mim também?

- Não estamos bebendo demais?

- E daí?

(slurp, slerp, slurp, slhop)

(slurp, slerp, slurp, slhop)

(slurp, slerp, slurp, slhop)

- Na sua ou na minha casa?

- Desde que o seu vestido termine no chão e a minha cueca em cima do abajur, o que importa?

- Não tenho abajur, vamos pra sua?

(slaaamb, slorbs, slangdom)

- Como abre essa droga de sutian?

- Já tentou o fecho?

(sloorgh, slham, slham, slhopoft)

(schlep!)

- Você bateu na minha bunda?

- Não gostou?

- Por que ainda não bateu de novo?

(schlep...)

- Cansada?

- Acho que bebi demais, se importa de dormirmos?

- Mas ainda nem tiramos a roupa toda...Mari?

- Hum...?

- Dormiu?

- zzzz...o que...zzzz...vozê...achazzzz?

- Porra, mas será possível?

---

- Mari, você por aqui!

- Beto, legal te encontrar...nossa, como você tá bêbado!

(slurp, slerp, slurp, slhop)

- Adoro esse bar!

- Eu também!

(slurp, slerp, slurp, slhop)

- Gosto daqui, mas quero ir embora agora!

- Pra minha casa!

- Sim!

(slurp, slerp, slurp, slhop)

(slurp, slerp, slurp, slhop)

- Porra...não acredito...você broxou!

- zzzzz...

----

- Mari.

- Beto.

- Er...desculpa pela outra noite.

- Tudo bem, bebemos demais, acontece.

- Pelo jeito sempre.

- Mas eu ainda penso em resolver isso.

- Eu havia pensado a mesma coisa.

(slurp, slerp, slurp, slhop)

- Poderíamos tentar um motel hoje.

- Boa.

(slurp, slerp, slurp, slhop)

- Gostei do quarto.

- Só tem um problema.

- Diga.

- Não tenho dinheiro e aqui não aceitam meu cartão.

- Espero que você não esteja dizendo que eu devo pagar.

- Não, não, de jeito nenhum...mas bem que você poderia entender assim.

- Humpf, broxei, vamos.

- Mari, foi mal, eu não conferi a carteira.

- Guarde as desculpas para seu próximo fracasso, comigo ele já foi um sucesso.

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Comecemos


Começar é uma arte. No primeiro dia você chega cedo, muito cedo, é recebido pela tia do café ou pelo boy, geralmente os encarregados de chegar antes de todos. O primeiro constrangimento: explicar que é seu primeiro dia. “O fulano já chegou? Ainda não? É que eu vou trabalhar com ele, to começando hoje”. E você recebe o primeiro olhar superior e aquele pensamento íntimo de “hummm, coitado, mal sabe o que te aguarda”.

Não importa o lugar, as revistas da recepção são velhas e/ou chatas. É difícil segurar o sono. Seus colegas de empresa chegam aos poucos. Dão um acanhado bom dia, meio desconfiado. Você fica ali tentando imaginar quem são aquelas pessoas. A loira gostosa de nariz empinado é o principal assunto no cafezinho, mas é casada e não dá papo pra ninguém. O gordinho mal vestido que recolheu os jornais da recepção deve ser do administrativo e odeia você antecipadamente. Esse aí com camisa de futebol é estagiário. A bonitinha simpática sorridente é a fofinha da empresa, amiga de todos, namora um babaca com o qual briga toda semana, vive chorando. Ah, chegou o piadista, “porra, Pereira, mas esse teu time, heim?”, sempre falando alto.

15 minutos atrasado, finalmente chega seu novo chefe. Bom dia, aperto de mão, seja bem-vindo e vamos até sua mesa. Pelas regras universais, o pior computador é o de quem chega. Obviamente, nada está funcionando direito. O mouse é uma droga, vários programas não estão instalados e o teclado veio na exclusiva cor amarelo-sebo. O telefone, cadê? Qual é, você é novato, agradeça ter pelo menos a cadeira.

Vamos ao tradicional giro de apresentação pela firma. Agora sim estamos falando de constrangimento. Não tente decorar nomes nesse momento, além de ser humanamente impossível você ainda corre o risco de confundir alguém e chamar a Márcia de Eliana sem saber que as duas são inimigas mortais na empresa. Certas pessoas tentarão fazer gracinhas na hora da apresentação, quase com certeza a gracinha não terá graça, mas entre no clima e dê um sorriso amarelinho.

De volta ao seu bunker, provavelmente você receberá tarefas que ainda não conseguirá cumprir, ou porque seu computador não está apto ou porque precisa de informações que ainda não tem como obter. Mantenha a calma porque o meio-dia está chegando e com ele um novo constrangimento: com quem almoçar?

Se o novo chefe lembrar desse detalhe, provavelmente convidará você para almoçar e seu primeiro dia estará salvo. Mas caso ele esqueça, apele para a velha tática de perguntar para o colega mais próximo “qual a boa do almoço por aqui?”. Nesse primeiro dia, nada de frescuras com preço do restaurante ou qualidade da comida, encare qualquer coisa (menos comida japonesa, pois como sabemos, aquilo é qualquer coisa, menos comida).

Lá pelo terceiro ou quarto dia já lhe perguntarão o que você está achando da empresa, prepare uma resposta simpática, mas para não parecer puxa-saco demais, acrescente um “apesar do horário um pouco menos flexível” ou “mesmo com a grande quantidade de trabalho”.

Fique atento às regras não verbais da casa. A bela xícara de café na copa é de uso exclusivo daquele Zé Mané do marketing que passa base nas unhas. Quando convidado para um Happy Hour, não chame por conta própria outras pessoas, evitando elementos indesejados pelo grupo que marcou o chope e também mágoas do tipo “poxa, nem me chamaram”. E por favor, não obrigue ninguém a aturar seu gosto musical até que você perceba qual o gosto dos outros, sem essa de achar que todo mundo gosta de Chico Buarque (não, nem todo mundo gosta, aceite isso) ou Bruno & Marrone (não, nem todo mundo odeia, aceite também).

Nota: em 2006 poucos começaram tanto quanto eu. Trabalhei em 4 lugares diferentes e, segundo minha última conta, compareci a 17 entrevistas, ou seja, média de 4 meses por emprego e 1,4 entrevistas por mês. Se você tiver um pouco de estabilidade sobrando em casa pode e quiser doar, aceito de bom grado.

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Poemas que não deram certo


Sabrina

Sabrina, só sei sair de ti
Salteando sóbrio, como um siri

Salivo, soslaio, teu sexo
Saliência, sofrida, saí

Como um saci, serpenteei
Com uma rasteira, sacaneei
Decidido, voltarei

Sai, Sabrina
Semente, caprina
Suave, menina

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Conto pequenin


Um procurava nova armação de óculos. Outro pretendia comer qualquer coisa na praça de alimentação. O terceiro buscava encontrar a mulher da sua vida. Voltaram do shopping carregando batatas chips e os ingredientes necessários para um jantar mexicano. Também trouxeram chocolates e piadinhas.

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Pá, pá, pá, pá, pá, pá, páááááááá


Desde 1947 o carnaval paraense assiste um concurso de “beleza e fantasia” que hoje em dia é uma das poucas tradições momescas que ainda sobrevive com fôlego em Belém. O “Rainha das Rainhas do Carnaval” reúne jovens gatas e gostosas (isso não é necessariamente uma regra) representantes de clubes sociais da cidade em uma disputa estranha, mas ao mesmo tempo muito divertida, onde ocorrem desfiles das candidatas apresentando suas fantasias e respectivas coreografias e/ou encenações teatrais referentes ao tema escolhido para o traje.

O acontecimento movimenta boa parte da sociedade local e criou uma indústria inusitada em torno do evento. Estilistas, coreógrafos, figurinistas, cabeleireiros, esteticistas, personal trainer, nutricionistas, pais de santo, enfim, é difícil um segmento profissional gay da cidade não participar da entourage de uma (ou mais) candidatas. Sim, entourage. Obter sucesso na disputa significa formar uma equipe em torno da cada uma das Rainhas de clubes que lutam pelo título de Rainha das Rainhas.

Por ser promovido pelo maior grupo de comunicação local, o concurso é, na verdade, um evento comercial com cotas de patrocínio vendidas para a iniciativa privada. Semanas antes do evento propriamente dito, a marca dos patrocinadores é exaustivamente exibida através do aparato midiático criado em torno das rainhas. E tome coquetel de apresentação das representantes de cada clube, visitas das rainhas às sedes das empresas patrocinadoras, chamadas na TV, anúncios no jornal e cobertura na web. É uma espécie de baile de debutantes com plumas e paetês transformado em entretenimento televisivo de massa. Sim, o concurso é transmitido ao vivo na madrugada de sexta-feira, geralmente umas duas semanas antes do carnaval. O horário é um tanto humilhante: depois de todo o “horário nobre da madrugada” da Globo, ou seja, Minissérie nacional, Jornal da Globo, 24 horas, reprise do Jô ou qualquer outra coisa que venha antes do Corujão.

Acompanhar os acontecimentos cafonas e/ou constrangedores de antes do Rainhas já é divertido, mas a noite do concurso é insuperável. Por toda a cidade, tias e vovós se reúnem em frente à TV para acompanhar os desfiles e comentar os detalhes do evento que é realizado no salão do maior clube social de Belém. Em outras casas, grupos de amigos se reúnem para se divertir com o trashismo da disputa (ok, uma chance para você advinhar em qual grupo me enquadro).

A transmissão é uma pérola televisiva do começo ao fim. Começa com um vídeo de apresentação das candidatas em trajes civis, seguido dos desfiles individuais de cada uma já incorporando suas personalidades carnavalescas. A cobertura é digna de Oscar: casal de apresentadores a rigor no palco, narrador, comentaristas especializados e repórteres de campo entrando ao vivo com as últimas dos bastidores. Os jurados, que em outros tempos eram estrangeiros que por uma fatalidade ou outra estavam na cidade, hoje em dia são profissionais de moda, beleza e da própria indústria do carnaval. Durante o concurso, a torcida velada dos telespectadores é por uma eventual queda de candidata, quebra de resplendor de fantasia ou tropeços e gafes na transmissão. Geralmente as três coisas acontecem em todas as edições.

No day after, o clima de mesa redonda futebolística se espalha por Belém. Todos comentam sobre a beleza da candidata do clube X, o acidente com a fantasia da menina do clube Y, a injustiça do resultado e até mesmo gozam amigos e parentes que torciam por candidatas de clubes derrotados. A participação dos dois maiores clubes de futebol da cidade no concurso também contribui para esse comportamento. O Remo, inclusive, é o segundo maior vencedor da história do concurso, já ganhou o título 12 vezes. Já o Paysandu nunca levou o caneco de purpurina pra casa. E acredite, alguns torcedores remistas realmente se orgulham disso.

Este ano o Rainhas acontecerá na madrugada do dia 9 para o dia 10 de fevereiro. Mais uma vez não estarei presente na cidade para acompanhar de perto o certame, a internet diminuirá em parte esta distância.

Para ter uma idéia da história toda, seguem alguns links:

- Site oficial do concurso. Bem completo, tem fotos de todas as vencedoras desde 1947, pequeno resumo de cada ano, vídeos, fotos e notícias sobre a edição atual e anteriores. Ah, vai rolar transmissão on-line.

- Rainhas em desfile no You Tube:
http://www.youtube.com/watch?v=QwfGYbIqwrw

(eu sei que tem um monte de comunidades Rainha das Rainhas no Orkut com mais links pra vídeos no You Tube, mas no momento estou sem acesso ao site de relacionamentos, em breve faço um update por aqui)
Observação pertinente: se você estiver em Belém no dia 9 de janeiro, esqueça o Rainha das Rainhas, esse acontece todo ano e é basicamente a mesma coisa. Aproveite sua noite e caminhe até o Mormaço na Cidade Velha, onde os Zés Manes da Dançum Se Rasgum realizarão o Grito do Rock com bandinhas, cerveja barata e ingressos idem.

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Antonio Variações


Porque uma descoberta de Randy Rodrigues, diretamente d'além mar, não pode ficar restrita a um link de MSN.

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Mas...de novo?


Antes de qualquer outra postagem para o dia de hoje, fica uma pergunta: quem é a cabeça brilhante por trás do marketing promocional daquela bebida energética que diz dar asas para quem a consome? Link do No Mínimo.

Um tempo atrás escrevi isso aqui sobre o marketing da mesma bebida.

O crime organizado e a bandidagem pé-de-chinelo esculacham o país de norte a sul, mas se alguém resolver começar a ajeitar a sociedade, seria ótimo pensar em uma punição pra essa “gente do marketing”.

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Inha


Não engulo certas gírias ou expressões do vocabulário paulistano. Acabei de receber esse spam:

"yeah Dodaaa!Te achei numa comunidade da baladinhas alternativas! Tudo bem?
Olha, não sei se você já sabe, mas nesse próximo sábado [20/01] vai rolar a pré-estréia da festa Orgástica na mais nova balada dos Jardins - a Plastic Dreams (alí na Alameda Itu, 1548).
E veja só quem vai te fazer dançar all night loonggggg:
Djs Residentes > Click e BobbbyDjs Convidados > Chapeleta & Pankeka (The Fire) + Well e Gabber
Hostess > Maria Eugência"


Baladinha? Baladinha é o caralho, que droga de palavra é essa? "Balada" por si só já é um saco, vocabulário de Luciano Huck ou de um desses playboys bombados que falam "uhú", "caraca!". Essa no diminutivo então é asquerosa, me convide pra farra, esbórnia, cachaça, canalhice, cafajestagem ou pra uma paraensíssima "onda", mas "baladinha" é a puta que los pariu.

Imaginemos então essa tal balada, que além de ser "inha" e alternativa, ostenta o nome de Plastic Dreams. Sonho e plástico, pra mim, só faziam sentido no tempo em que meus maiores desejos eram veículos dos Comandos em Ação e um Autorama. Hoje em dia me parece pederastia, com todo respeito aos meus amigos homossexuais, mas evito lugares onde o número de homos seja superior a 20% do total, não por preconceito, mas porque - não sejamos hipócritas, os objetivos sexuais são diferentes. De uns tempos pra cá tem isso de nós heteros termos de nos justificar, educada e polidamente, porque não iríamos "pra tal bar" ou "praquela boate". Porra, eu não vou porque não sou gay! Assim como dispenso churrascos com pagode ou boates de playboy (repito: boate de playboy sempre tem nome de puteiro escroto ou motel ruim, outro dia retomo o assunto).

Um último parágrafo para o nome da hostess no spam: se não for um erro de grafia, a moça é conhecida como Maria "Eugência". Isso não gera nenhuma piada de grosso calibre, mas lembrei de uma esquecida expressão do jargão publicitário: "Eugência" é uma agência fundo de quintal onde o dono, além de dono, é também redator, diretor de arte, revisor, mídia, atendimento e ainda troca o rolo de papel do banheiro. Sacou? A agência do cara é só ele, é uma "Eugência", rááá!

Em tempo: não estou em nenhum diabo de comunidade de "baladinhas alternativas", meu nome deve ter sido pescado em comunidade de banda ou então confundiram Ressaca Moral com uma festa.

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Sem mais


Estou vazio. Assunto não falta, mas não sei sobre o que falar, sem opiniões a respeito de qualquer coisa. Um buraco engole São Paulo, mas não afetou meu prédio. Não penso em ter cachorro no momento, a perspectiva de dar atenção a um ser vivo, pelos próximos 10 anos no mínimo, me assusta. Três livros estão na minha fila de leitura, um deles foi presente de amigo secreto do meu melhor amigo, eu nunca tinha ouvido falar do livro e nem do escritor, ele (o melhor amigo) achou que eu não iria gostar do livro, mesmo assim comprou o presente, vai entender, prometo ler. Essa música impregnou minha cabeça no fim de semana, ela me irrita, mas ao mesmo tempo eu gosto.

Update: o livro que ganhei é "O Estranho Caso do Cachorro Morto" de Mark Haddon, presente de Rafael Guedes. Confira aqui.

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Desculpa


São muitos dias sem postar. Recesso de fim de ano, Belém, família, amigos, amor, cerveja, cerveja, cerveja, folhados de queijo e presunto, Sonrisal Limão, ressaca.

Volta para São Paulo, sem internet em casa, postando de um cyber onde são oferecidos computadores com Windows 98.

Em alguns dias a programação normal estará de volta.

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