Rooock


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12 de junho de 2005, era um domingo. Dia dos namorados, eu sem a minha namorada, ou melhor, a minha não queria ser minha, enfim, não existia namorada nessa data. Após um apoteótico Wander Wildner na noite anterior, show promovido pelos amigos da Dançum Se Rasgum, chegava a hora dos Autoramas. O palco era o mesmo, o do Café com Arte, uma espécie de Circo Voador paraense destes anos 00. O trio carioca faria seu terceiro show em Belém, o segundo pelas mãos do folclórico e desaparecido produtor Alex Zamba, o Corujinha, que merece uma edição do Saturday Night Live em sua homenagem.

Era a segunda vez que eu acompanhava um show dos Autoramas. Era a segunda vez que eu tinha certeza de ter feito um excelente negócio ao adquirir um ingresso para a apresentação deles. Assistir esse tipo de show em Belém era uma experiência única. O público dificilmente passaria de 300 incautos e a maioria destes eram meus amigos. Era uma festinha fechada, melhor ainda, uma festinha fechada com uma puta banda tocando na sua frente.

Fast Foward para São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 2007. Waleiska, grande amiga paraense, está deixando Sampa e voltando para a nossa terrinha quentinha. Sua despedida da cidade calamitosa foi nesse sábado, 10, num bar em Pinheiros. Eu pretendia beber só um pouco, justamente para chegar inteiro no show do Autoramas logo mais à noite. Como esperado, não consegui cumprir meu objetivo. Tomei um porre daqueles onde começo a emitir opiniões inconvenientes a respeito de temas polêmicos, como depilação íntima feminina.

Mesmo em lamentável estado físico, eu e mais 4 amigos insistimos em continuar a jornada rumo ao Inferno – não o bíblico, mas o da rua Augusta, local onde aconteceria o show da banda carioca. No caminho até lá, Lily Allen animava o passeio no carro com o hit fofinho “Smile”. A coreografia cometida no interior do veículo não foi repetida ao vivo e entrou na lista universal de constrangimentos a evitar.

Já no clube Inferno, a espera pelo show foi longa. Como é tradição nos buracos roqueiros da paulicéia, a discotecagem do lugar era uma interpretação equivocada do DJ sobre o que ele acha que as pessoas gostariam de escutar na ocasião. Excetuando o Guab, residente do Milo Garage, e alguns outros DJs com melhor feeling da pista, esperar por um show em certos lugares é um anti-clímax. Talvez seja proposital, não sei.

De muito vazio, o lugar passou para agradavelmente cheio em cerca de uma hora. Quando a banda é mais conhecida, como era o caso do Autoramas, a fauna feminina costuma ser mais variada. As moderninhas de cabelo repicado estavam por lá, mas outros tipos mais “comuns” e não menos interessantes também disputavam meus pouco cobiçados olhares. Ah, como são lindas essas alternativas paulistanas.

Duas da manhã, finalmente Gabriel (guitarra e voz), Selma (baixo) e Bacalhau (bateria) começam a torpedear suas músicas sobre a platéia. Autoramas é surf music, punk, jovem guarda. Banda redondinha, boas letras, músicos experientes, hits excelentes, acessíveis tanto para os momentos mais românticos do punk metido a besta quanto para uma auto-afirmação tardia da paty metida a transgressora. É o tipo de banda que faz você entender o que é um show bom. Nada de pose blasé pra disfarçar som ruim, pretensões intelecto-vocais ou apologias depressivas. Só de Autoramas, o líder Gabriel tem 10 anos, o cara sabe muito bem o que faz. A qualidade do show é de uma sinceridade que me comove. Pode parecer exagero, mas quando vejo uma apresentação dessas eu me derramo mesmo, porque a quantidade de shows de rock ruins que circulam pela noite paulistana só perde em número para as profissionais da noite nas calçadas da Augusta.


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