Belém continua quente


Podem investir em atrações turísticas, qualificação da mão-de-obra, melhorias nos transportes e tudo mais que uma grande cidade precisa para atrair visitantes e investidores, mas a principal atração da capital paraense é e vai continuar sendo ela, a sacanagem.

Em Belém se respira esbórnia, farra e claro, sexo. Talvez seja o calor, talvez seja a crônica falta de opções de lazer na cidade (amenizada nos últimos anos, vá lá), mas o fato é que os belemitas parecem mais propensos a putaria do que os demais moradores de regiões urbanas do país.

Festinha na casa de amigo, cerca de 20-25 convidados entre homens e mulheres. Após algumas horas de outra especialidade paraense: encher a cara, já é possível notar vários novos casais se formando por toda a parte. Não será surpresa nenhuma se daqui a pouco os banheiros estiverem ocupados por mais de uma pessoa ao mesmo tempo. E pode apostar que elas não estão consumindo substâncias ilícitas.

Bar rústico na beira do rio. Estilo de casa noturna tão típico de Belém quanto as boates com gente blazé são típicas de São Paulo. Geralmente as festas são animadas por bandas de pop-reggae, pop-rock ou pop-porcaria. O calor impera e as garrafas de cerveja grande (por apenas 3 reais) secam na mesma velocidade com que as pessoas começam a suar. Pronto, pode olhar pros lados agora. Ninguém parece ligar muito para as letras sofríveis das músicas executadas, o que interessa mesmo é se dar bem. Casais trocam beijos e as mais diversas modalidades de amassos como se esta fosse a última noite de suas vidas, como se no próximo final de semana (ou durante a semana mesmo) tudo não fosse acontecer igual, com exceção da pessoa que está sendo beijada, provavelmente outra.

Em Belém qualquer situação é propícia para o surgimento de uma relação afetiva/sexual. No trânsito, no supermercado ou no McDonald’s. Na adolescência, todo mundo sabia de alguma missa do horário X, na igreja Y que era a missa da paquera. Também nessa fase da vida, uma simples festa junina de escola poderia render um inesquecível quebra*. Com sorte, você pode sair acompanhado até de um show de heavy metal, ocasiões internacionalmente conhecidas por seus baixos índices de agarramento.

Se tiver oportunidade, conheça Belém. Faça os programas de turistão, visite os lugares históricos, prove as coisas de aspecto esquisito que nós chamamos de culinária típica (eu sou exceção, pois não gosto de quase nada), mas guarde suas forças para a noite, é nela que a cidade realmente acontece e onde você descobre como parar de reclamar do calor.

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Post de Copa


Uma praga que assola o país a cada 4 anos são os jingles de Copa. Empresas dos mais diversos segmentos empurram todo tipo de composição meia-boca pelos nossos ouvidos. Pelo excesso de favoritismo brasileiro deste ano, o mercado publicitário se animou e além das marcas de cerveja, até fábrica de celulose se animou e fez musiquinha.

Aliás, a campanha da Aracruz Celulose, entre as de veiculação nacional, provavelmente deve ser a pior. É quase impossível ouvir o que diz a letra e mesmo as partes possíveis de serem identificadas, são de uma irrelevância publicitária tão grande que só um blog sem importância como este tem a coragem de comentar. A sacadinha dos “brasileiros que estão fazendo um belo papel” também é muito forçada. Mais um caso de celebridades mal aproveitadas em comerciais. Pô, o humor existe: ao invés de gastar grana com todo aquele elenco para um comercial insosso, eu pegaria somente uns três deles, criava umas situações de humor juntando copa com Aracruz Celulose e filmava um filme para cada atleta.

Falando em comerciais ruins, os dias que estou passando em Belém além de servirem para matar muitas saudades, encher a cara e perturbar a paz, também serviram para me divertir com os comerciais locais alusivos ao mundial de futebol. Todos seguem basicamente a linha “turma de verde e amarelo em frente à TV”, e pior do que a cerveja quente que alguns bares da cidade ainda insistem em servir, só mesmo as musiquinhas que acompanham estes reclames horrorosos. As letras são de uma pobreza atroz e ingênuo de quem acha que o consumidor compra mais porque o Supermercado Irecê Levanta a Taça com Você.

O maior desperdício de verba sem dúvida é o da Cerpa (nunca gostei da cerveja mesmo). Tradicional campeã quando o assunto é propaganda ruim, a marca que ao contrário quer dizer Até Paraense Rejeita Essa Cerveja, não deixou a peteca cair e resumiu tudo que um comercial de Copa não deve ter: jingle boboca que pode servir para qualquer marca em qualquer ano de copa, imagens genéricas de pessoas torcendo com a empolgação de um abacate e celebridade de oficina mal aproveitada (a gostosa da Dani Bananinha constrangedoramente inserida na campanha).

A ex-caretíssima Coca-Cola é que parece estar pagando suas agências com alucinógenos de calibre mais elevado. Um dos poucos jingles legais (talvez único), pertinente e com alguma inovação seja esse da campanha dos loucos pelo Brasil. O non-sense-tosco-proposital dos bracinhos torcedores mostra que é possível atingir crianças, adolescentes e adultos sem necessariamente ser bobo, ou melhor, sendo bobo, mas também sendo legal. Essa é a grande sacada: é bobo, é tosco, mas é muito bom.

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Tem coisas que só em uma agência digital você pode fazer


A internet segmenta tanto o público, mas tanto, que você pode criar coisas como essa aqui sem maiores frescuras. Não sei qual o posicionamento anterior da marca e nem se eles embasam este posicionamento em pesquisa, por isso mesmo é difícil julgar a pertinência (odeio essa palavra) das peças, mas creio que eles já vinham de uma linha ousada anteriormente. Pode parecer uso gratuito de sacanagem na comunicação e acho até que é, mas como se trata de uma campanha on-line extremamente segmentada, ou seja, acessa quem quer, vê quem quer, pouco importa o julgamento dos incomodados. Por isso eu quero trabalhar em uma agência digital. Sabendo de uma vaga de redator, tamos aí.


Caso alguém resolva encher a bolsa escrotal, a campanha foi esperta também nisso. Quem quiser meter o pau (opa, um trocadilho), pode acessar uma área no site chamada “React!” e esculachar à vontade. Lembrando que qualquer indignação pública em casos como este chama ainda mais atenção para a campanha e o produto em si, ou seja, é tudo que eles querem. Reclame.

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Todos juntos vamos


Desagradável início de noite no computador. Nada de baixar o último episódio do Frango Robô.

(telefone tocando)

- Alô.

- Fala Doda, aqui é Ricardo da ****** (nome da agência omitido por questões profissionais), você mandou um e-mail querendo vir mostrar a pasta, não é isso?

- Sim, sim, eu mesmo. Podemos marcar?

- Então, podemos, sim. Sexta às 11h?

- Fechado, estarei aí.

- Espero você então, até sexta.

- Até sexta, valeu.

Mas que porra de barulho de helicóptero é esse na minha janela?! Caralho, três helicópteros em cima da minha rua! Será um engarrafamento aéreo, uma gostosa depilando a virilha no 25º andar do prédio vizinho ou um posto de gasolina explodindo porque alguém acendeu um fósforo ao lado de uma coxinha estragada? Vou ligar a TV no babaca do Datena, deve estar transmitindo alguma imagem ao vivo. É isso aí, Vila Mariana é notícia nacional! Vou ligar pra mamãe...hummm, nada na TV, quer dizer, só o babaca do Datena entrevistando os advogados da tal Suzana Von Richswstrokes. Vou jantar ali na padaria e talvez averiguar melhor a história.

E os helicópteros ainda continuam em cima da minha rua. Uma simples travessa da avenida Lins de Vasconcelos, com menos de 500 metros de extensão e localizada em um dos bairros mais insossos de São Paulo. Tem até um Habib’s aqui do lado. Um Habib’s na vizinhança significa que nada de relevante acontece próximo da sua casa. Ao menos até que loucos pró-EUA comecem a perpetrar atentados contra símbolos da dominação árabe global. Não aguento mais comer no Habib’s, prefiro a Upa-Upa, insalubre padoca a uma quadra de distância.

- Vê uma coca e um sanduíche de peru com queijo.

- Quente ou frio?

- Quente.

Ainda não entendo como as padarias paulistanas oferecem os sanduíches nas versões quente ou fria. Quem diabos come isso frio? Vou adicionar este tipo de gente à lista de pessoas em quem não confio. Droga de barulho de helicóptero.

Algumas horas depois, o horroroso filme da tela quente me entretém. Saulo, o amigo e vizinho que não nega que é paraense, pois sempre chega sem avisar e vai logo abrindo a geladeira, adentra a sala com a verdade sobre os veículos voadores que até meia hora atrás ainda insistiam em atrapalhar meu tédio televisivo.

- É a Suzana Von Histroichfocv, cara. Ela foi transferida pra esse prédio aqui do lado. Tá cheio de jornalista ali, dá uma olhada pela sacada.

- Pô, é mesmo. Cacete, mas em uma cidade desse tamanho ela tinha que vir parar na nossa rua?

- Loucura, né?

- Porra.

Horas depois, cerca de duas da manhã, alguma senhora indignada resolve expressar sua revolta em plena madrugada.

- Assassina!!!

Moro no terceiro andar de um prédio sem nenhum recuo em relação à rua. A janela do meu quarto dá exatamente para a rua. Se um pombo peidar no alto do poste eu escuto, imagine o berro tardio da não-groupie de Suzana Von Minhajebovski que estava de plantão. Nada contra o protesto, mas faça tal manifestação em horário comercial, por favor.

Enquanto a cagada jurídica secularmente estabelecida no país deixa uma criminosa, rica, fora do presídio, começamos a nos preocupar com assuntos mais importantes como as bolhas no pé de Ronaldo, mas nem tudo está perdido. Em outubro poderemos optar se vamos deixar tudo a mesma droga já no primeiro turno ou se optaremos entre a merda e a bosta no segundo.

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A banda - 2


Na história universal da música, inúmeras bandas foram reunidas com objetivos puramente sexuais. O que estou tentando fazer no momento não é nada que não tenha sido testado com sucesso em tempos passados e nada que esteja traindo as raízes do rock, afinal, esse papo de letras politizadas ou os tenebrosos rocks de corno é que representam a degeneração do movimento que nasceu pregando transgressão e putaria.

Guitarristas e vocalistas geralmente são os maiores comedores de mulheres das bandas. Basicamente por serem os mais expostos na mídia e por suas hipotéticas qualidades musicais serem as de maior visibilidade em cima do palco.

“Fala cara,
Peguei seu e-mail em um cartaz na galeria do rock. Você quer um guitarrista não é isso? Meu nome é Beto, já toquei com os Ilustres Desconhecidos, Moça e os Condensados, Opala 77, Bauru sem Tomate Não é Misto e com aquele artista que trocou seu nome por um tom pastel.

No momento estou com uma banda de trash metal em decadência. Para sobreviver, tocamos covers de conhecimento geral em bailes de formatura e casamentos.

Qual sua proposta? Preciso de uma nova banda, preciso de rock. Guitarra é tudo pra mim. Estudo desde os 8 anos de idade e sempre dei minha vida por isso.

Abraços,
Beto.”



“Beto,
Você é bonito?

Abs.”


“Como assim, cara? Tá me estranhando? Você quer montar uma banda gay?

Beto”



“Não porra, é porque estou montando a banda pra comer mulher e não quero ninguém muito bonito na formação, tá achando que eu vou pegar sobra?”


“Desculpe, eu achava que você estava nisso pela música. Vou procurar outra banda que me aceite pelo que sou, não pela minha aparência.

Adeus,
Beto.”



“Beto,
Meu nome é Mirtes, toco bateria na futura banda que estou formando com aquele estúpido que destratou você nos e-mails anteriores. Não ligue para tudo aquilo que leu, ele faz o tipo vocalista temperamental, mas é apenas uma máscara. Precisamos muito de um guitarrista com seu talento e experiência na banda. Aceite meu convite e venha ensaiar conosco na próxima terça, garanto que o clima será bom.

Cordialmente,
Mirtes

Ps: você toca Rappa?”


“Mirtes,
Muito obrigado pela sua resposta querida, achei o cara um grosso. É seu namorado? O que uma mulher tão educada como você faz na mesma banda que um troglodita como aquele?

Se você garante que ele me tratará civilizadamente, eu topo o ensaio.

Beijos,
Beto.

Ps: sei levar o Rappa sim, quem toca em formatura e casamento leva de tudo, até música boa de vez em quando, rsrs.”



“Beto,
Obrigado por ter aceitado o convite, mas eu não sou mulher e muito menos namorada do cara. Meu nome é uma homenagem da minha mãe a uma personagem da Suzana Vieira.

Aguardamos você,
Mirtes.

Ps: o que você quis dizer com “até música boa”? Rappa não é bom?



Mirtes,
Foi mal.

Até terça,
Beto.

Ps: Rappa? Fala sério, é muito ruim. Você curte metal melódico? Tenho uma trilogia de 8 canções que contam a historia de Goliärdh, um dragão que para defender a floresta onde nasceu faz um pacto malévolo com um demônio abissal. Podemos ensaiar essas músicas?

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