Entrevero


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Percebia que tinha boa aparência quando alguma senhora de respeito sentava ao seu lado no assento do ônibus. Elas poderiam escolher tantas outras pessoas do veículo, mas optavam pelo rapaz que inspirava maior confiança ou menos ameaça. Não significava muita coisa, mas era um mínimo agrado ao seu ego que logo mais sofreria um abalo.

Ao descer do coletivo, caminhou mais duas quadras, longas. Compridas como o tempo que, sabia ele, seria jogado no lixo em poucos minutos.

- Oi. – Ele disse.

- Não vamos mais nos falar, né? – Ela queria apenas a confirmação.

- É, não.

- Até quando?

- Não sei, até passar.

- E se não passar?

- Um dia passa, espero.

Foi sua última viagem naquela linha. Não precisou mais daquele trajeto para nada. Na verdade, passado algum tempo, nem lembrava mais que realizava aquele percurso com certa freqüência. Seguiu seus deslocamentos com respeitáveis madames sentando ao seu lado.


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