O tempo e o mail


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Tive uma namorada cujos pais namoraram, salvo engano, sete anos por carta. Ele no Brasil, ela em Portugal. O gajo veio fazer a vida por aqui. Antes, ainda em terras lusitanas, teve um ou dois contatos pessoais com a futura esposa, daqueles de sentar no sofá da sala, quem sabe tocando as mãos dela na despedida, com o pai da moça sempre intermediando as negociações. Deixou a promessa, quando a grana entrasse, que a buscaria de volta, já pra casar. E foram se conhecendo posteriormente via postal. O tempo da carta vencer o atlântico hoje em dia seria suficiente para uma banda ser formada, lançada, hypada e esquecida ou, também, mais ou menos o tempo de um motorista paulistano percorrer uma avenida marginal em dia de chuva.

Com o tempo e, como todos sabemos, as investidas amorosas adaptaram-se à internet. Antigos relatos contam sobre homens e mulheres trocando cantadas em pré-históricos bate-papos do Uol via web, claro, com alguma sorte, pois era muito natural na época a SaradinhaCarioca23 ser, na verdade, João Ricardo, 16. Receber uma foto da paquera? Coisa rara. Quem possuía scanner? Máquina Digital? Mas o pior é quando a moça realmente enviava uma foto e você constatava que precisaria de algumas dezenas de litros de cerveja para tecer uma opinião positiva a respeito de sua estética.

As pessoas começavam “a ter e-mail”. De repente, na sua lista já não figuravam somente amigos enviando piadas machistas e fotos antigas da Playboy. Algumas conhecidas e paqueras também possuíam endereços eletrônicos e, veja só, era possível dar em cima das moças por ali. Simples, rápido(?) e prático. Você podia medir as palavras, pensar em algo inteligente e elaborar melhor uma tirada bem humorada. Existia o risco de errar no português e perder pontos com a gata, mas também havia a possibilidade dela não perceber e ainda passar a achar que “embreagado” se escreve com esse irritante segundo “e” ou que “agente tem tudo haver” significava um elogio.

Chegaram então os comunicadores instantâneos. Mais rapidamente ainda, os xavecos logo já estavam adaptados e ambientados em sua nova mídia. Você continuava refém do português, mas agora um deslize já seria mais compreensível, perdoável, afinal, você supostamente estaria escrevendo de supetão e os riscos e abreviações ortográficas passaram a ser corriqueiros. A angústia máxima da era anterior “Será que ela/ele vai ler/responder (o e-mail)” foi substituída por outras como “Será que ela/ele tem MSN?”, “Quando ela/ele vai ficar on-line?” e “Será que essa/esse filho(a) da puta me bloqueou?”.

Em minha nova agência não tenho MSN. Mal tenho e-mail. Novas pequenas regras rígidas do mundo corporativo. Sou obrigado a utilizar um velho e pouco prático endereço eletrônico pessoal que (ainda) não está bloqueado pelo servidor. Mas pouco importa MSN, Gmail ou Orkut, importa mesmo é que novamente, depois de sei lá quanto tempo, espero com ansiedade e-mails e respostas de alguém em especial, e o melhor de tudo é abrir a caixa postal e ver o nome dela lá, em negrito, como remetente de uma nova mensagem.


2 Responses to “O tempo e o mail”

  1. Anonymous Anônimo

    Jézus!! Já tá assim, é???

  2. Anonymous Anônimo

    Já tô on line, viu!? Te dolo.

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