Figuras, aqui


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A primeira impressão sobre a figuração, enquanto manifestação artística, passa idéia de atividade que pouco exige das faculdades mentais de um indivíduo típico. Nada mais errado. A formação de um bom figurante exige tempo de aprendizado e experiência de vida. E lá se vão cerca de 10 anos meus com especial atenção ao ofício.

Minha primeira figuração digna de nota foi como um rei mago na representação do presépio em algum natal perdido na década de 90 (as produções natalinas eram marca registrada da minha família). Não lembro qual dos três reis representei, mas espero ter encarnado Belchior, primeiro personagem histórico a ter medo de avião e, assim como eu, latino americano e sem dinheiro no banco. Também não recordo minhas poucas falas, mas creio ter sido algo como “trouxe ouro (ou incenso ou mirra) para o menino”. Ouro não deve ter sido, eu não entregaria mercadoria valiosa tão facilmente para um moleque de fraldas que nunca ouviu falar de fundo de investimento ou conta de luz atrasada. Mas provável ter sido o incenso, essa brilhante invenção que compõe o kit do chato eclético padrão e que eu teria prazer em me livrar.

No início de minha carreira publicitária, onde tive a honra de criar alguns dos piores comerciais de TV da história, figurei no papel de freqüentador de loja enquanto o apresentador anunciava ofertas e, em outra oportunidade, ajudei a manipular bonecos para um comercial de farmácia que, até hoje, não entendo como tive a cara de pau de criar, digo, cometer. Não está no You Tube.

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Ah, meus 20 e poucos, que merda.

A vida de figurante continuou firme, expandindo-se pelos variadas divisões sociais e profissionais de minha vida. Chegando ao campo amoroso, já figurei involuntariamente como o último a saber, pau amigo, objeto causador de ciúmes, palhaço e bocó.

No tempo de faculdade, eu e algumas dezenas de colegas, ajudamos os movimentos estudantis da instituição passeando pela calçada, a caminho dos bares, dando impressão de que as passeatas contra o sistema ou a favor de uma meia qualquer eram bem maiores do que pareciam ser. Figurações cívicas que contribuíram com a politização do país.

No rock talvez esteja minha maior contribuição figurativa. Já suportei uma variada gama de shows por amizade ou constrangimento, visto que, em alguns casos, já representei 30% ou mais do público presente e meu afastamento da frente do palco seria responsável pela sensação de fracasso do conserto.

Recentemente, aproveitando minha experiência em figuração musical, um amigo com faro para meu talento, implorou por minha participação no novo clipe de sua banda. Na esperança de escapar do mico, cheguei atrasado às gravações. Percebi que minha ausência não faria a mínima falta ao andamento do trabalho, pois o cenário e demais figurantes já estavam definidos e prontos para o começo da ação quando me apresentei no local. Mesmo assim, fui devidamente paramentado como turista gringo e assumi a importante função de passar em frente à câmera enquanto os protagonistas do roteiro (covers de Kojak e Rixxa) negociavam um vibrador piscante.

Participar de clipes pode ser o primeiro passo para que eu finalmente chegue ao estrelado primeiro mundo do rock independente, gênero rico em sexo fácil e dinheiro difícil. Aceito convites.


2 Responses to “Figuras, aqui”

  1. Anonymous Anônimo

    acho que todo publicitário começa figurando e, se não me falha a memória, não passa disso. boa sorte com o sex..ops..trabalho.

  2. Anonymous Anônimo

    AHÁÁÁ
    Um dia desses cheguei em casa e tinhas acendido um Incenso!!!! Vai me dizer que era só figuração também??

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