Paulistanas - Madalena


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O pé sofre apertado na sandalinha de couro comprada na Benedito. Pode ter sido adquirida em shopping por valor mais elevado, o importante é que tenha aparência barata, ou uma falsa aparência popular, desde que as outras saibam muito bem o quanto custa na Arezzo mais próxima.

Ainda o pé, apóia-se em uma das barras de madeira da mesa do boteco paulistano de pretensa alma carioca. Ele, o mesmo pé, exibe um desenho floral, tribal, oriental ou alguma coisa de sufixo semelhante. Traços escuros sobre pele branca, avermelhada de janeiro a março.

A saia parece ter vindo de algum ano mais setentoso. É longa ao sul, chega até o tornozelo, mas ao norte é quase um palmo abaixo do umbigo. Na mesma região, porém nas costas, um outro desenho escuro na pele branca parece saber que está ali para afirmar uma individualidade, na verdade pede aceitação em um grupo.

Os cabelos parecem um tanto descuidados, um descuido que definitivamente não é para amadoras. Não exibe cores artificialmente descaradas, apesar de suas variações de tons, geralmente claros, serem de difícil reprodução em condições exclusivamente naturais.

A blusa de alcinha provavelmente consta de alguma lista secreta de obrigações que possivelmente circula por baixo das mesas ou nas conversas em dupla no banheiro. Benditas blusas de alcinha que revelam ombros, colos, costas e sardas. Abençoadas blusinhas de alça, muitas vezes desacompanhadas de sutiãs, que permitem a observação de interessantes relevos e também do momento certo onde uma jaqueta pode ser oferecida para amenizar o frio.

As mãos dificilmente estão livres do cheiro/perfume de cigarro, nem sempre lícitos. Mãos geralmente frias, em constante companhia de copos gelados de formato variado, quase sempre preenchidos com cervejas multinacionais uniformemente pasteurizadas, mas que as donas dos copos insistem em perceber diferenças e declarar marca preferida.

Dentro da pseudo-humilde bolsa, também em couro, um celular fotográfico com toque MP3 dos Los Hermanos faz companhia à carteira marrom, guardiã dos Visas e Mastercards do pai e de uma identidade estudantil onde pode ser lido o nome de famosa universidade particular, conhecida pelos seus bons cursos de comunicação.


1 Responses to “Paulistanas - Madalena”

  1. Anonymous Anônimo

    sinto que já vi tudo isso em algum lugar....

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