Texto também disponível no entediante Ressaca Moral (o de lá tem foto)
O metal farofa dos anos 70 e 80 foi uma das quatro coisas mais absurdamente irrelevantes que aconteceram na música do século 20 (as outras três foram o grupo MPB4, o disco ao vivo de Oswaldo Montenegro e o casamento do mesmo com Paloma Duarte). Apesar de essencialmente ridículo e obtusamente estúpido, o metal farofa ou hair metal, é um gênero especialmente divertido, principalmente para quem foi criança ou adolescente na década de 80.
Este colunista, sem vergonha de assumir seu passado descerebrado e onanista, até mesmo porque as coisas não mudaram muito deste passado pra cá, elege deliberadamente e sem critério algum, cinco canções significativas do gênero heavy-farofeiro que o fazem ir às lágrimas ou baldear.
We’re not gonna take it – Twisted SisterO refrão cantando em tradicional corinho-de-banda-metal-farofa é um dos mais empolgantes da década. Dependendo do seu estado etílico ao escutar o hit de 1984, seu rompante de euforia roqueira pode ser tão forte que você pode até acreditar que o rock’n’roll ainda salvará o mundo ou que um time carioca conseguirá novamente ser campeão da primeira divisão. É o tipo de música que você precisa ter no seu computador, vá baixar agora!
The Final Countdown – EuropeUma das introduções mais bregas e legais de toda a história (que sob efeito de cigarros esquisitos pode durar mais de 46 minutos), a canção foi utilizada até mesmo em propaganda de alistamento das forças armadas, sim, forças armadas brasileiras. Para completar a cafonice, a banda possui nome de motel de segunda e seu vocalista parecia um travesti de terceira, como era comum aos conjuntos farofeiros da época.
Jump - Van HalenOs teclados da clássica introdução de Jump, ao mesmo tempo que são fofos, também possuem o efeito de despertar um sorriso em quer que seja. Um sorriso sincero e nostálgico por um lado, debochado e envergonhado por outro. Já que, depois de marmanjo, você assiste a um clipe do Van Halen e tem a impressão de que a banda era uma espécie de É o Tchan da época. O vocalista David Lee Roth não deixa nada a dever à Carla Perez do início de carreira em matéria de ridicularidade capilar e falta de senso rebolativo, sem falar dos figurinos. Ao menos Eddie Van Halen se vestia melhor que Compadre Washington.
Lick it Up – KissVeteraníssimos da picaretagem, o Kiss nunca se levou a sério e, por isso mesmo, continuará sendo ótima trilha sonora para o ápice de animadas festas de apartamento, excelente para as horas onde ninguém mais está ligando para a beleza da pessoa que acordará ao seu lado pela manhã. Lick it Up é o primeiro hit da fase esquecível da banda, quando resolveram tirar a pintura do rosto e sorrateiramente assumir o visual traveco-drag vigente na época. A letra, apesar de infame e cara-de-pau, é um petardo de ingenuidade perto das acefalias do R&B e Hip Hop americano de hoje em dia. Pelo amor do seu Deus, você precisa ver o clipe desta música, baixe na internet.
Liar – Yngwie MalmsteenMalmsteen é um daqueles guitarristas virtuosos que podem dedilhar 359 notas por segundo em solos mais enfeitados e cheios de penduricalhos que um carro alegórico da Mocidade Independente de Padre Miguel. Liar é um exemplar empolgante e dos mais farofáveis do sueco (Viu? A suécia também deu ao mundo algo além do Abba e de atrizes pornôs lindas e gostosas), a música pode ser encontrada no disco Trilogy de 1986 e abrindo o alegre registro ao vivo Trial By Fire, de 1989. Um outro asterisco para Malmsteen no quesito capa: o orçamento apertado de produção do guitarrista certamente não deixou grana suficiente para contratar um bom capista.
eu sempre soube.
fantástico!!!!
Ê laiá... gosta até de Malmsteen...
Jump e Final Countdown tudo bem... todo mundo gosta mesmo.
Mas Liar surpreendeu. Tens que ouvir o Trilogy todo, é um disco bom aehueahuea Afarofado, mas bom.