Músicas de varejo


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A música em templos de consumo como shoppings ou supermercados deveria ser apenas um detalhe de conforto tal qual o ar condicionado: na temperatura correta passa imperceptível, mas ao mesmo tempo é essencial para o bem estar do cliente na loja.

Se eu fosse responsável pela programação musical de locais de público tão variado, optaria pelo mais fácil: jazz e variações instrumentais de nomenclaturas diversas, quase música de elevador, quase imperceptível, nada de vocais. Um cliente cantarolando música do sistema de som é mau sinal, pois além de estar se distraindo das compras, o fato dele gostar da canção a ponto de cantá-la, quer dizer que a música agrada a alguém, ou seja, se agrada um, com certeza desagrada outro. Ou você conhece artista unânime?

Andando no shopping ouvi três pérolas nas caixas que me despertaram pena da esposa ou do marido do programador musical do shopping. Imagina o que a figura escuta aos domingos em casa no churrascão.

“Cio da terra” de Chico Buarque e Milton Nascimento me pegou de surpresa na fila do caixa eletrônico. Enquanto amaldiçoava três gerações do cara de dois metros na minha frente (que resolveu utilizar todas as funções possíveis do terminal de auto-atendimento) eu pensava o que diabos Milton colocou na cachaça de Chico para conseguir que ele gravasse algo tão chato. Debulhar o trigo / Recolher cada bago do trigo / Forjar no trigo o milagre do pão / E se fartar de pão. Socorro!

Caminhando em direção à praça de alimentação foi a vez da “Espanhola”, que infelizmente não é aquela que se faz em momentos de máxima intimidade, e sim a de Flávio Venturini, sucesso de motel e em bares voz e violão. Te amo Espanhola / Te amo Espanhola / Se for chorar / Te amo. E eu achando que shoppings pensavam apenas no conteúdo da minha carteira. Na verdade a programação musical ruim é uma chance que estão nos oferecendo. “Se continuar aqui vamos tocar Espanhola! Já pra casa, menino! Poupe seu dinheiro e sua paciência!”.

Beto Guedes no caminho do estacionamento, “Paisagem da Janela” era a bola da vez. Da janela lateral do quarto de dormir / Vejo uma igreja um sinal de glória / Vejo um muro branco e o vôo de um pássaro. Era a deixa para sair correndo, mas a pequena fila para pagar o estacionamento prolongou meu sofrimento auricular. Tentei distrair pensando em outras coisas, como o grande número de amigas mulheres que posam para fotos fazendo pose de “As Panteras” e depois exibem a imagem em seus fotologs ou álbuns do Orkut.


3 Responses to “Músicas de varejo”

  1. Anonymous Anônimo

    Vi esse texto antes no ressaca, comentei lá :P

  2. Anonymous Anônimo

    uma vez escutei wander wildner la no castanheira( vou me entorpecer bebendo vinho) pasme!!!
    eu particularmente gostei, mas me deu uma vontade de sair de la e ir direto pro bar... bjs

  3. Anonymous Anônimo

    Para a moça acima:

    Isso não seria mensagem subliminar? Talvez o responsável pela programação musical possuísse um bar aos arredores dali.

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